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Lançamento do livro de poesia de Rui Luzes Cabral no Diário de Aveiro

por Rui Luzes Cabral, em 06.01.20

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publicado às 12:57

Visão de Futuro - Correio de Azeméis

por Rui Luzes Cabral, em 04.04.17

No passado, todas as Freguesias do nosso Concelho eram agrícolas. Faz todo o sentido recordar esta óbvia afirmação, pois há muita gente que tem uma memória muito recente sobre as características territoriais e sociais do local onde vive.

 

Em Loureiro, no ano de 1900, viviam na freguesia 2668 pessoas e, nos Censos de 2011, contaram-se 3531. Na Freguesia de São João da Madeira, que em 1900 pertencia ao Concelho de Oliveira de Azeméis (tornou-se município a 11 de outubro de 1926), residiam 3115 pessoas. Agora, segundo os dados de 2011, a Cidade vizinha contará com cerca de 21713 pessoas.

 

A indústria, que apareceu e se consolidou na última metade do século XX, terá possibilitado este crescimento e, no caso de S. João da Madeira, terá sido determinante a sua passagem a município.

Oliveira de Azeméis também cresceu muito, mas esse crescimento industrial não foi sustentado e reforçado por infraestruturas modernas, carecendo ainda (em alguns locais) das redes mais básicas.

A Inauguração do Centro de Negócios de Oliveira de Azeméis no passado dia 27 de março em Loureiro, poderá ser um motor muito importante para reforçar esse desenvolvimento. Um espaço organizado para apoio das Áreas de Acolhimento Empresarial tem o dever de influenciar decisivamente o nosso futuro.

 

Com a indústria chega a habitação e as pessoas que se tornam residentes precisam de comércio, serviços, estradas condignas, espaços verdes, desporto, educação e cultura…

 

Se a Área de Acolhimento Empresarial Ul/Loureiro tivesse sido infraestruturada nos anos 80, decerto teríamos um concelho mais sustentável no presente.

 

O futuro chegará mais rápido dependendo do que fizermos hoje.

 

Rui Luzes Cabral

Correio de Azeméis

4 de Abril de 2017

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publicado às 14:40

Intervenção na inauguração do centro de negócios de Oliveira de Azeméis - Loureiro

por Rui Luzes Cabral, em 27.03.17

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Uma saudação aos que se dignaram com a vossa presença na inauguração deste Centro de Negócios. Nas pessoas do Senhor Presidente da Assembleia Municipal, Dr. Jorge Oliveira e Silva e do Senhor Presidente de Câmara, Dr. Isidro Figueiredo, um cumprimento a todos os presentes.

 

A primeira referência a Loureiro remonta ao século X, mais precisamente a 18 de Maio de 993, quando num Documento da Venda de umas terras entre a vila de Tonce e Macieira, se refere Laurario, nome primitivo que evoluiu para LOUREIRO.

 

Loureiro percorreu os séculos entre rios, árvores e campos, sempre com gente a viver, em cada tempo, um tempo de alegria e preocupações, um tempo de dádiva e de esperança, um tempo de sonhos e realizações...

 

Loureiro foi e será sempre uma terra de agricultores. Quantos animais por aqui pastaram, quantos campos foram revolvidos, lavrados e cultivados, desde a enxada aos animais e, mais recentemente aos tractores e outras máquinas modernas…

 

Recordamos como modo de vida dos agricultores mais recentes, a subsistência pela exploração das vacas leiteiras, um modo de vida que a cada dia se torna mais passado. O povo de Loureiro, não esquecer, esteve na génese da Proleite, uma grande empresa do nosso concelho. O amanho da terra, os moinhos, o corte do mato nos pinhais, os campos de erva e milho, tudo marcas da nossa identidade…

 

Somos um povo empreendedor e inconformado, por isso emigramos à procura de melhores condições de vida, somos um povo que também tendo permanecido por cá, sempre ajudou na criação de respostas sociais e de infraestruturas para o bem de todos. Quando é preciso saímos à rua e vamos de porta em porta sensibilizando a população para que contribua para o bem comum, para o nosso desenvolvimento.

 

Por isso sonhamos em ter melhores empregos, por isso sonhamos numa zona industrial moderna.

 

Quem espera, tem sempre a possibilidade de alcançar. Loureiro esperou sensivelmente 3 décadas por uma Zona Industrial, agora denominada de Área de Acolhimento Empresarial, criada de raiz e infraestruturada como a que aqui foi construída nos últimos anos. Neste momento, e depois do grande investimento realizado, há uma empresa a laborar e esperamos que num futuro próximo se comecem a construir outras unidades fabris, para que em seguida se possa continuar a infraestruturar mais área e a atrair mais investimento.

 

Temos que ser mais competitivos em relação a Zonas Industriais de Concelhos limítrofes, esperemos que este Centro de Negócios possa ser a alavanca principal para que outros tenham inveja dos investimentos que para aqui vamos decerto atrair.

 

As Freguesias do Sul do Concelho, tão esquecidas durante muitos anos, muito ligadas aos setores mais agrícolas têm vindo a crescer muito rapidamente, a fixar e a atrair mais população. Loureiro foi uma das poucas Freguesias do nosso Concelho, de acordo com os censos 2011, que aumentou a sua população em relação a 2001. Uma Freguesia plana, próxima de grandes vias nacionais de acesso rodoviário, a mais próxima da Linha do Norte do Caminho de Ferro, tem sabido modernizar-se, mantendo, no entanto, o seu cariz agrícola. É também uma Freguesia bem sustentada por um associativo forte. Não esquecer que Loureiro manteve uma Cooperativa Eléctrica que se tem modernizado quando todas as outras acabaram e isso é um exemplo de perseverança e bairrismo benigno.

 

Ao inaugurarmos agora este Centro de Negócios, estamos a possibilitar aumentarmos os negócios em Oliveira de Azeméis. Esperemos que este polo, seja o centro gravitacional de uma prospeção industrial e comercial forte, alicerçada num marekting económico que possibilite mais investimento, melhor investimento e se for possível, um investimento mais sustentável, de empregos menos precários e ambientalmente mais respeitador.

 

Neste momento de festa e concretização de um sonho antigo não podemos esquecer os empresários que mesmo sem infraestruturas adequadas criaram as suas empresas e persistiram, dando o tiro de partida para a instalação de diversas empresas em Loureiro, algumas de sucesso e que levam a sua marca por esse mundo fora.

 

Não podemos esquecer os proprietários a quem foram expropriados os terrenos onde estamos para que esta realidade fosse possível.

 

Não podemos esquecer todos os autarcas que nos antecederam por terem sonhado, por terem insistido, por terem pedido, por terem lembrado que só com zonas industriais infraestruturadas e modernas podemos competir neste mundo globalizado.

 

Não podemos esquecer todos os empresários Oliveirenses.

Não podemos esquecer que a Via do Sudoeste que ainda aguardamos é uma urgência que urge construir.

Não podemos esquecer que a rede viária secundária desta Freguesia deve merecer uma conservação mais efetiva.

Não podemos esquecer que só com uma presença próxima dos autarcas junto das populações e dos seus problemas, assim como dos seus empresários, conseguiremos ter sucesso.

 

Hoje, estamos a colher os frutos do que fizemos no passado. Temos mais experiência e sabemos melhor como fazer, para que o futuro seja mais promissor. Se não queremos ver os nossos filhos e netos a emigrar novamente, façamos muito e bem agora. Sabemos que o mundo hoje é uma aldeia, mesmo assim, é bem melhor quando nos mantemos na nossa aldeia, com a proteção e retaguarda dos nossos mais queridos familiares. Emigrar é quase sempre um recurso para solucionar uma carência que não soubemos coletivamente resolver.

 

Obrigado a todos por este ponto de partida para se começar a cumprir o século XXI neste domínio. Obrigado à Câmara Municipal, autarcas eleitos, assim como a todos os técnicos que desbravaram terreno. Às instituições governamentais portuguesas e europeias pelos apoios concedidos. A todos os Loureirenses, a todos os Oliveirenses, continuem a trabalhar e a sonhar.

 

É um grande orgulho para mim ser autarca nesta Freguesia.

E como escreveu um dia Fernando Pessoa: “Pedras no caminho, guardo todas, um dia vou contruir um castelo”.

Eu diria: “Pedras no caminho, guardamos todas, amanhã vamos construir mais empresas e mais infraestruturas para vivermos melhor.

Obrigado e um bem-haja a todos

 

Rui Luzes Cabral

27 de Março de 2017

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publicado às 22:06

Visão de Futuro - Correio de Azeméis

por Rui Luzes Cabral, em 14.03.17

Há uns anos, a esquerda portuguesa andava com medo que um candidato da direita chegasse a Presidente da República. No entendimento de alguns, os candidatos da esquerda tinham maior capacidade para ocupar o cargo e serem os “guardiões” da Constituição e da Democracia. Mas, entretanto, a maioria do povo elegeu Cavaco Silva, e recentemente, Marcelo Rebelo de Sousa. E o país não se afundou nas águas do Atlântico.

O atual Presidente, homem de afetos, de proximidade e de procura de consensos, “desafia” o país a avançar sem a crispação cénica da política espetáculo, da política castradora. Marcelo está nos sítios onde estamos, fala-nos com palavras entendíveis e colabora com as instituições do Estado sem deixar de marcar a sua posição quando considera pertinente fazê-lo. Há quem diga que fala de mais, mas é melhor falar agora, que falar só por livro depois de sair do cargo. Os presidentes são eleitos para intervirem e ajudarem a construir um país melhor. É isso que ele tenta fazer desde 9 de março de 2016.

Da mesma forma, a direita Oliveirense anda sempre com muito medo de perder a Câmara Municipal para a esquerda quando se aproximam as eleições autárquicas. Este ano isso pode acontecer, depois de 41 anos de executivos da direita. Decerto que não será nenhuma tragédia, será uma oportunidade para se trilharem novas políticas e implementarem-se projetos de proximidade para a resolução dos nossos problemas.

Só tem medo quem não acredita no povo e na democracia. O medo não nos faz avançar, mas mesmo avançando com medo, o tempo a percorrer para se chegar ao destino é muito mais longo.

 

Rui Luzes Cabral

Correio de Azeméis

14 de Março de 2017

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publicado às 12:04

Intervenção na Assembleia Municipal de 24 de Fevereiro, realizada na Freguesia de Loureiro

por Rui Luzes Cabral, em 24.02.17

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Ex.mo Presidente da Assembleia Municipal

Ex.mo Presidente da Câmara Municipal, um Loureirense ao serviço de todo o território oliveirense. Espero que o seu trabalho se traduza em conquistas para todos nós…

Ex.mos Vereadores

Ex.mos Presidentes de Junta de Freguesia

Ex.mos Membros da Assembleia Municipal

Ex.mos Dirigentes Associativos

Comunicação Social

Minhas senhoras, meus senhores

 

Receber mais uma vez uma Sessão da Assembleia Municipal, é receber por representação política todo o nosso Concelho. Agradeço em nome da Freguesia de Loureiro a vossa visita e espero que seja um momento rico de debate construtivo, para que governar, seja cada vez menos estratégia e mais preocupação com a população. O poder só é benéfico quando o mesmo se transforma em serviço de proximidade. Todo o poder que se alicerça em pura estratégia não é mais que o reconhecimento que as pessoas já não interessam muito.

 

Governar é, por isso, aproximar as dificuldades da resolução efetiva dos problemas das pessoas e das freguesias, num trabalho constante e preocupado. Governar é a construção da realidade, entre a proximidade e a necessidade, da mais premente à mais lúdica. Governar não é o exercício do poder pelo prazer de o exercer, nem a projeção de imagens que pretendam construir uma história de desenvolvimento.

 

Como dizia o grande Padre António Vieira: - “Nós somos o que fazemos. O que não se faz não existe. Portanto, só existimos quando fazemos. Nos dias que não fazemos, apenas duramos.”

 

Um bem-haja a todos vós por serem agentes ativos na construção do nosso concelho e que o povo tenha cada vez mais o discernimento e a racionalidade de olhar e ver; de ver e reparar; de reparar e avaliar; de avaliar e responsabilizar; de responsabilizar e sonhar; de sonhar e concretizar; de concretizar e avançar. E possa perceber se existimos realmente ou se apenas duramos. Se for só para durar no tempo não vale a pena…

Obrigado pela vossa atenção

 

Rui Luzes Cabral

24 de Fevereiro de 2017

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publicado às 22:01

Visão de Futuro - Correio de Azeméis

por Rui Luzes Cabral, em 31.01.17

Há 8 anos, a ESPERANÇA da eleição de Obama mobilizava o mundo. Todos esperávamos na altura mudanças sensatas, preocupações ambientais, maior atenção às questões sociais e uma postura mais simpática no relacionamento interpessoal. Obama não desiludiu e teve uma presidência muito digna, esforçada e preocupada, atenta aos problemas das pessoas, não olhando à sua proveniência, raça, credo ou orientação sexual. Claro que um presidente não é um “Super-Homem” e não pode mudar o mundo, nem ninguém tem a capacidade de tornar de um dia para o outro, o mau no bom. Governar é a arte da possibilidade, realizada na conquista diária.

Com a eleição de Trump, a palavra ESPERANÇA deu lugar à palavra DESCONFIANÇA porque da sua boca já saíram muitas promessas alicerçadas no ódio, na divisão e no conflito. Um homem de estilo hostil e agressivo à frente de um grande país gera sempre muita apreensão. Só nos resta esperar e acreditar que nem sempre a esperança se traduz numa grande governação e nem sempre a desconfiança acaba em fracasso.

O mundo é, de facto, uma grande geringonça cheia conflitos, ódios, egoísmos, em que o dinheiro é o detonador de muitas explosões pessoais e sociais. No meio da incerteza, é sempre bom quando germina o bom senso, a preocupação com os outros, o respeito pela diferença, a alimentação, a saúde e a educação ao serviço do bem-estar coletivo.

Sabendo que a noite e o dia se equilibram, nunca esquecer que só avançamos na noite com a ajuda da luz. Que na noite que assola muitas vezes o nosso mundo, surjam cada vez mais raios de sol. Obama foi um desses raios de sol, esperemos que Trump não seja só o frio e o escuro da noite…

 

Rui Luzes Cabral

Correio de Azeméis

31 de Janeiro de 2017

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publicado às 12:14

Da ESPERANÇA à DESCONFIANÇA, a GERINGONÇA do mundo em que vivemos

por Rui Luzes Cabral, em 20.01.17

Há 8 anos, no rescaldo da grande vitória eleitoral de Barack Obama, saiu passados 2 dias no Jornal Público, um pequeno comentário meu em que constatava que a ESPERANÇA da sua eleição mobilizava o mundo. Alertava também que ele não era um “Super-Homem” capaz de resolver todos os problemas, no entanto, todos esperávamos mudanças sensatas, preocupações ambientais redobradas, maior atenção às questões sociais e uma postura mais simpática no relacionamento interpessoal. Obama não desiludiu e teve uma presidência muito digna, muito esforçada e preocupada, muito atenta aos problemas das pessoas, qualquer que seja a sua proveniência, raça, credo ou orientação sexual. Claro que um presidente não pode mudar o mundo, nem ninguém tem a capacidade de tornar de um dia para o outro, o mau no bom. Governar é a arte da possibilidade, realizada na conquista diária.

 

Com a eleição de Donald Trump, a palavra ESPERANÇA deu lugar à palavra DESCONFIANÇA porque da sua boca já saíram muitas promessas alicerçadas no ódio, na divisão e no conflito. Um homem de estilo hostil e agressivo à frente de um grande país gera sempre muita apreensão. Só nos resta esperar e acreditar que nem sempre a esperança se traduz numa grande governação e nem sempre a desconfiança acaba em fracasso.

 

O mundo é, de facto, uma grande geringonça cheia de armadilhas, conflitos, ódios, egoísmos, em que o dinheiro é o detonador de muitas explosões pessoais e sociais. No meio da incerteza, é sempre bom quando germina o bom senso, a harmonia, a preocupação com os outros, o respeito pela diferença, a alimentação, a saúde e a educação ao serviço do bem-estar coletivo.

 

Sabendo que a noite e o dia se equilibram, nunca esquecer que só avançamos na noite com a ajuda da luz. Que na noite que assola muitas vezes o nosso mundo, surjam cada vez mais raios de sol. Barack Obama foi um desses raios de sol. Esperemos que Donald Trump não seja só o frio e o escuro da noite…

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Rui Luzes Cabral

20 de Janeiro de 2017

 

 

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publicado às 14:37

Na arte e no património, a estética do belo e dos sentidos

por Rui Luzes Cabral, em 15.01.17

O Bom Jesus do Monte é um dos locais mais conhecidos do país e, cada vez mais, destino de gente de todo o mundo. Representa-nos, em parte, na medida proporcional  à vontade que temos em continuarmos a ser um povo, uma nação com sentido, unida num propósito comum, trilhando caminhos de diversidade para nos realizarmos cada vez mais. Diante das formas esculpidas, semeadas e criadas, que fizeram do Bom Jesus do Monte nos últimos 500 anos um espaço de procura, de catarse e de felicidade, encontramo-nos também aqui, enquanto portugueses que somos. Herdeiros da cultura greco-romana/judaico-cristã, alimentamos durante séculos até à atualidade essa herança, tanto no modo de vida, como na forma como encaramos a morte e o que está para além dela, tendo isso influenciado grandemente a forma como nos materializamos na religião, no amor, na amizade, na arte, enfim, na vida connosco e com os outros.

Se não conseguirmos olhar para trás quando caminhamos, triste é a perceção do caminho. Preservar o nosso património cultural é importantíssimo para cada um de nós, para todos, na medida em que ele representa parte da nossa história. É a perceção em toda a sua plenitude, um sentido que se busca constantemente na dualidade do nosso mundo, o que se toca e é tangível e o que se busca na transcendência. 

 

A arte pela arte

Nesse sentido, ficarmos “presos” à arte pela arte, da peça esculpida, da pintura ou qualquer outra expressão representativa, não vai além de um pedaço de madeira ou pedra a que lhes são dadas formas. A arte mesmo que quisesse ser só arte é, já em si, mais que simplesmente arte. É um aperfeiçoamento do Homem na sua convivência com o mundo dos vivos e em certos casos o resultado da preocupação com a morte. Mesmo os que consideram que nada há além da arte pela arte, só pelo simples facto de a criarem ou admirarem, inadvertidamente estão a ir além da simples arte de esculpir, pintar ou admirar, para dar só estes exemplos. Desse ponto de vista, a arte poderá ser um mistério, ou melhor, uma parte ínfima e íntima do Ser Humano. A arte pela arte é o principio do sentido da arte, o principio do sentido que damos à nossa vida…

 

O sentido da arte

O Bom Jesus do Monte, representa a arte pela arte nesse início de interpretação estética mas só se compreende completamente no sentido que essa arte tem, ou seja, na dialética que pretende transmitir ou discutir permanentemente. No Bom Jesus do Monte, só se compreende a arte se nos deixarmos “tocar” pelos sentidos da estética do belo, ali representados pela arquitetura, pela escultura, pela pintura, pela natureza, pela beleza do “chamamento” interior de cada um. Fazer o percurso desde o início do Escadório do Pórtico em direção ao interior da Basílica Menor, mesmo que de forma mais descontraída, não nos deve deixar de interpelar. Afinal, que significado tem a nossa vida diante, ou em consequência, das representações do mundo que nos rodeia?

 

A estética do belo e dos sentidos

Uma antiga frase do Livro dos Conselhos alerta-nos para a atenção que devemos dar às coisas: “se podes olhar, vê; se podes ver, repara.” Reparar é tentar compreender, olhar mais além do que realmente vemos na representação das formas. Visitar o Bom Jesus, é pois, um exercício simples de nos encontrarmos com a beleza da vida, mas também um exercício complexo de tentarmos compreendê-la. Esta estética do belo e dos sentidos que aqui refiro é um olhar. Mas alguém dúvida do que representa o olhar?

 

A Conservação e Restauro dignifica o património

A recente intervenção de conservação e restauro, denominada Bom Jesus – Requalificar que aconteceu numa parte do património deste lugar de encontro, insere-se nesse caminho que se pretende trilhar, respeitando a memória do passado, através de ações concretas no presente, para que, a simples arte e os sentidos que representa, possa continuar a ajudar na caminhada dos Homens.

Para além da vertente religiosa, do turismo ou outra dimensão que lhe queiramos dar, o Bom Jesus, agora candidato a património da humanidade, deve continuar a ser acarinhado, estudado e potenciado.

Esta intervenção fez parte desse cuidado que lhe devemos dar. Todos os agentes que estiveram envolvidos nas recentes intervenções, fizeram-no porque são os legítimos herdeiros desse património. A Arquidiocese, a Mesa da Confraria, a Equipa Técnica de Fiscalização, as Empresas e os restantes agentes, deram o seu contributo para o resultado que está à vista de todos.

Não entrarei em especificações técnicas da intervenção de conservação e restauro, pois disso falarão as empresas envolvidas. Simplesmente referir que só com o respeito pela originalidade da arte diante de nós e para nós, conseguiremos restituir uma leitura mais fidedigna dessa estética que nos interpela os sentidos. Conservar o nosso património é um dever, uma necessidade e uma consequência da nossa caminhada coletiva…

 

Jardineiros do património

Para conservar é preciso acompanhar, como um jardineiro que todos os dias rega as suas flores. Não se pode continuar a conservar o nosso património de 5 em 5 anos; de 10 em 10 anos e por aí adiante. A manutenção quotidiana, as inspeções periódicas, as intervenções pontuais, adiam trabalhos de restauro profundos e financeiramente dispendiosos. O património precisa de técnicos a cuidá-lo como os jardins precisam de jardineiros regularmente. Sejamos mais ativos na defesa do nosso património, sejamos jardineiros do património.

O Bom Jesus do Monte é um exemplo de beleza, seja também, cada vez mais, uma beleza preservada.

 

Rui Luzes Cabral

Publicado no Diário do Minho

15 de Janeiro de 2017

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publicado às 15:20

Um mandato de proximidade

por Rui Luzes Cabral, em 31.12.16

Todos os anos as diversas associações e instituições da Freguesia completam mais um aniversário, comemorando a data com almoços, jantares e outras atividades. É salutar que assim seja, que simbolicamente se recordem os percursos, as pessoas, as realizações. É importante, também, como forma de preparar o futuro.

 

Em 2016, celebraram-se duas datas que cumpre aqui destacar: os 25 anos da Associação de Solidariedade Social de Loureiro (15 de novembro de 2016) e os 40 anos do poder local eleito democraticamente, tendo as primeiras eleições acontecido a 12 de dezembro de 1976.

 

No que respeita à Associação de Solidariedade Social de Loureiro, instituição que presta um bom trabalho na área social, a Junta de Freguesia congratula-se com a sua vitalidade e agradece todo o apoio prestado à população loureirense. Em boa hora, a sua Direção decidiu festejar a data e registar em livro estes primeiros 25 anos de dedicação. Um bem-haja e muitas felicidades.

 

Quanto aos 40 anos do poder local, nas páginas deste boletim damos destaque à Assembleia de Freguesia Extraordinária que se realizou no dia 12 de dezembro e que contou com muitos dos autarcas que desde 1976 serviram a nossa Freguesia. Uma cerimónia de agradecimento, de memórias e de afirmação da nossa terra milenar, de agricultores, de músicos e de paz entre as gentes…

 

Este boletim surge em fim de mandato, antes das eleições autárquicas de 2017 que irão realizar-se no final do próximo Verão. Mais que enumerar obras concretizadas e exigir outras que esperam concretização, consideramos que o trabalho realizado ao longo destes quatro anos, na sua globalidade, tem sido de proximidade e tem tocado áreas destintas. A Junta de Freguesia de Loureiro quer sempre andar mais depressa do que a realidade permite. Sabemos perfeitamente que o futuro depende do que se fizer bem agora, por isso, das obras à cultura, da preservação do património às cerimónias mais simbólicas, da limpeza de ruas à valorização dos espaços públicos, da educação à ação social, esta autarquia tem-se esforçado por andar rápido, fazer, registar, alertar, escrever. Loureiro merece, pois tem um enorme potencial, sempre crescente.

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publicado às 12:08

Intervenção na Assembleia de Freguesia dos 40 anos do Poder Local

por Rui Luzes Cabral, em 12.12.16

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INTERVENÇÃO NA ASSEMBLEIA DE FREGUESIA DOS 40 ANOS DO PODER LOCAL

 

Ex.mo Presidente da Assembleia de Freguesia de Loureiro

Ex.mo Tesoureiro da Junta de Freguesia de Loureiro

Ex.ma Secretária da Junta de Freguesia de Loureiro

Ex.mos Membros na Assembleia de Freguesia

Ex.mos Ex-Autarcas desta Freguesia

Ex.mo Público

Ex.ma Comunicação Social

Loureirenses

 

Aqui estamos mais uma vez a celebrar. Hoje, no preciso dia em que passam 40 anos das primeiras eleições para as autarquias. E 40 anos não são 40 meses, é tempo suficiente para um amadurecimento político e cívico, nesse sentido, esta Assembleia de Freguesia além de simbólica e de agradecimento a todos os autarcas eleitos nestes 40 anos, pretende ser um espaço de recordações e de construção da nossa memória coletiva. Por isso realiza-se num espaço de enorme valor sentimental, ou seja, esta Cantina de Alumieira, Dr. Albino dos Reis.

Antes da existência de um Salão Paroquial e das atuais instalações da Junta de Freguesia, a Cantina de Alumieira foi um espaço multiusos, palco que testemunhou a construção da modernidade loureirense, tanto do movimento associativo, como do político. Obrigado a todos pela vossa presença.

 

O que fazer com a liberdade?

Esta pergunta a que não se respondeu objetivamente, mas que todos a seguir ao 25 de Abril de 1974, cada um à sua maneira, tentou perceber o que faria dela, de que forma, com que objetivos, com que meios, para quê?...

A liberdade adquire-se, constrói-se, merece-se, tal qual um pai tenta educar um filho, também a pátria nos tentou recentemente fazer perceber o que fazer com essa palavra tão gasta, mas tão essencial: A liberdade.

Liberdade no respeito pelo outro, as suas ideias, assim como pela forma de se alcançar um país mais digno, próspero e onde seja bom viver. Não é fácil, nunca será fácil juntar tanta gente e construir um caminho. Mas pior que não trilhar um caminho é a sua ausência. E a chegada da liberdade foi a marcação desse caminho que fomos fazendo, com dúvidas, com dificuldades, também com muito progresso, muitas lutas sociais, muitos sonhos, uma ânsia enorme de se andar mais depressa para sermos ainda maiores.

 

Partidos, algo de novo a que não estávamos habituados

Não estávamos habituados porque havia alguém que escolhia por nós e nem pensávamos que também na nossa pequena freguesia, na nossa vila, na nossa cidade poderíamos ousar participar, construir, direcionar, valorizar. Nestes 40 anos, muitos partidos foram criados, alguns desses permaneceram, outros sucumbiram, muitos estarão a chegar. Todos querem participar, todos em liberdade e respeito pela nossa Constituição têm o direito de serem ouvidos, de exercerem a sua atividade. O povo saberá sempre o que quer, saberá sempre cultivar à sua maneira essa semente que lançou à terra e da qual brotará sempre vida. Mesmo que parte desse povo não goste da semente que brota, ela germinará.

 

Um povo é marcado pela sua história, pelas influências, pelos exemplos

Nada pior para alguém que queira ser eleito, para alguém eleito, que julgar o povo, porque o povo nunca poderá ser julgado. O povo é fruto da sua história, da sua educação, dos exemplos refletidos, o seu meio, a sua cultura. O Povo não se julga, julga-se a história que ele construiu ou deixou construir, julgam-se os sonhos por cumprir. É nesta procura entre as muitas verdades concretizadas e as ausências que se procura a valorização de uma terra. E Loureiro com mais de mil anos de história, muita água passou no Rio Gonde, muita gente por aqui viveu, desde Godesteu até chegarmos nós, que somos agora esse elo que decerto não vamos deixar quebrar na construção desta nossa Freguesia.

 

Do sonho à realidade, da participação a alguma apatia

Se o sonho é sempre mais alto que a realidade, a realidade é sonho que baixou para o podermos agarrar. Se no sonho queremos sempre a participação de todos, constatarmos mais recentemente na percentagem de abstenção terá que obrigatoriamente fazer-nos pensar. Pensar e tentar agir para que estes 40 anos de democracia se reforcem e que as pessoas entendam que só com uma participação política e cívica, podemos seguir este modelo de participação coletiva na construção do lugar onde vivemos. Se é certo que muita democracia poderá “distorcer” ou emperrar a democracia, é certo também que a falta de participação das pessoas liquidará a democracia.

Nestes 40 anos esse sonho transformou-se em muita realidade. Estes 40 anos trouxeram-nos melhores estradas, unidade de saúde, uma sede para a Junta de Freguesia, a ampliação do cemitério, escolas, unidades industriais, estabelecimentos comerciais e financeiros, mais construção, a variante à EN 224, mais cultura, mais património, mais solidariedade social, mais participação, mais infraestruturas públicas, mais dinamismo, mais conhecimento da nossa história, mais celebração.

Nestes 40 anos tudo isto foi possível porque os loureirenses sonharam e os seus autarcas ajudaram na medida da sua participação a que chegássemos ao presente desta forma, sendo a Freguesia mais importante a Sul do Concelho de Oliveira de Azeméis e onde se deposita mais esperança para futuro. Obrigado a todos vós, autarcas desta terra nestes 40 anos, por tudo o que fizeram, por tudo o que tentaram fazer. Se não conseguimos algumas coisas, decerto que os autarcas que nos sucederão o vão conseguir.

Apesar dos avanços todos sabemos que faltam melhores estradas, mais água, saneamento, melhor valorização do nosso património, jardins mais bem cuidados, limpeza mais constante das ruas, um Largo de Alumieira revitalizado, condições dignas para o nosso mercado semanal, o único com esta periodicidade em todas as Freguesias do Concelho, a casa onde nasceu D. Frei Caetano Brandão restaurada e ao serviço de todos, a Via do Sudoeste no terreno e outras realizações diversas que esta sociedade do Século XXI exige.

Baixar os braços não é o caminho, por isso continuamos todos a ser peças fundamentais. Por isso aqui estamos e aqui estaremos, cada um com o seu contributo.

 

Loureiro, uma marca territorial de futuro

Sim, Loureiro é cada vez mais uma marca territorial de futuro, porque além da nossa localização geográfica temos sabido valorizar a nossa terra. Todos somos importantes, todos somos uma peça deste puzzle. E se podemos ajudar a Freguesia com o nosso trabalho político, associativo, até individual, podemos também não dificultar quando se trata de ceder terreno para alargamento da via pública, na organização de eventos, na recolha de testemunhos do passado. Assim sendo, caso tenham material de campanhas autárquicas, recortes de notícias de jornais, fotografias ou outra documentação, partilhem com todos. Com a partilha desta informação e de outras histórias contribuiremos todos para registar um período importante da nossa história recente.

 

Os agradecimentos sabem bem, não como mero adorno nesta Assembleia de Freguesia, mas porque, de facto, a vossa contribuição foi importantíssima para aquilo que hoje somos.

Não ter medo, respeitar o outro, tolerar as dificuldades, colaborar para o bem comum, responsabilizar com civismo são formas de estar na vida que não devemos alienar.

Obrigado a todos pela presença, pelo vosso esforço e dedicação nestes 40 anos e continuem a sonhar.

Viva a nossa Freguesia de Loureiro, terra milenar, de agricultores, de músicos e de paz entre as gentes…

Obrigado!

 

Rui Luzes Cabral

12 de Dezembro de 2016

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publicado às 12:22


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